Moçambique está estrategicamente posicionado para alcançar os mercados mundiais de Gás Natural Liquefeito (GNL) e assegurar uma contribuição significativa para a transição e segurança energéticas do mundo.
A vantagem do país foi reiterada durante a African Energy Week (AEW) – Semana Africana de Energia, que teve lugar em Novembro último, na Cidade do Cabo, África do Sul, com a participação de diversos líderes mundiais da indústria, incluindo a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
Falando no painel intitulado “Invest in Mozambique Energies – Investir na Indústria Moçambicana de Energia”, Rudêncio Morais, do Pelouro de Pesquisa e Produção (PPP), destacou as potencialidades e a capacidade de Moçambique em responder aos actuais desafios mundiais de energia.
“As principais vantagens de Moçambique são a localização geográfica do país para alcançar os mercados mundiais de GNL, nomeadamente a Europa e Ásia; as características do gás natural de Moçambique, marcado pela presença de um menor teor de enxofre e, por isso, exigir menos custos de investimento; e a existência de enormes reservas de gás natural, particularmente na Bacia do Rovuma, o que permite economias de escala”, disse Morais, falando no painel sobre Moçambique.
Moçambique tem cerca de 150 triliões de pés cúbicos de reservas de gás natural (TCF), nas Bacias de Moçambique e do Rovuma. Esse volume coloca o país entre as maiores reservas do mundo, com potencial de contribuir significativamente na resposta global pela energia.
Morais destacou que, para desbloquear essas potencialidades, é necessária uma contínua colaboração entre a ENH e as empresas internacionais de petróleo (IOCs) e o Governo, a semelhança do que está a acontecer nos projectos ora em curso nas bacias de Moçambique e do Rovuma.
Participando no mesmo painel, os representantes da ExxonMobil e da Eni, duas das IOCs que participam em projectos de gás natural em Moçambique, nomeadamente na Área 4, da Bacia do Rovuma, também se referiram às vantagens de Moçambique.
O Director-geral da ExxonMobil Moçambique disse acreditar que o petróleo e gás continuarão fundamentais por mais tempo, num contexto em que o consumo de gás natural, por exemplo, aumentou em 20 por cento nos últimos anos, sendo que 60 a 70 por cento da procura de GNL se regista na Ásia.
“Aí está a oportunidade”, disse Frank Kretschmer, anotando que “isso coloca Moçambique em vantagem em termos de volume e escala. Nós estamos focados neste projecto (Rovuma LNG) por causa das suas vantagens e está bem posicionado para prover energia limpa ao mundo”.
“Este é um grande projecto que criará oportunidades para os moçambicanos, para as empresas locais e para o futuro do país. Há enormes oportunidades”, destacou.
Também falando sobre as vantagens do gás de Moçambique, o Director Técnico da Eni Rovuma Basin, Ivan Codognotto, disse haver um enorme potencial ainda por explorar no país. “Há boas condições de trabalhar com o Governo no desenvolvimento desses recursos. E não podemos esquecer que o real potencial do país são as pessoas. Os recursos são importantes, mas sem as pessoas não temos como os desenvolver”, sublinhou.
O investimento nas pessoas foi também apontado como prioridade da Tecnip, empresa de engenharia que foi responsável pela construção da plataforma Coral Sul FLNG. Julien Larour, Director-geral da Technip Energies, disse que a empresa tem estado a investir no desenvolvimento de talentos moçambicanos, contando agora com 95 por cento de nacionais no total dos seus trabalhadores no país.
“O factor-chave de sucesso é investir nas pessoas. Formar as pessoas, enviá-las para o mercado para aprenderem. Enviamos os nossos talentos para o Japão, Coreia do Sul, Portugal, França para os expor à indústria e aprenderem a trabalhar para o projecto. Agora temos talentos a trabalhar em Paris, no Qatar e pelo mundo fora a contribuírem para a empresa. O elemento-chave para nós é encontrar as pessoas e fazê-las entender o que é LNG”, disse.
O painel “Investir na Indústria moçambicana de Energia” contou também com a participação do presidente da Câmara de Energia de Moçambique (CEM), Florival Mucave, quedefendeu que o papel da sua organização é criar as condições de diálogo entre os investidores, sector privado e o Governo para promover as reformas legais e fiscais necessárias para o investimento na indústria.
“O nosso papel é de apoiar todos, entender os objectivos e os desafios para os investimentos, e vermos as oportunidades de desenvolvimento do conteúdo local para ajustar e promover o debate com vista à melhoria do ambiente de negócios”, sublinhou.
“É muito importante para nós, como Câmara de Energia, falar com os investidores e dizer-lhes que há grandes oportunidades em Moçambique para negócios. O país tem recursos massivos que podem ajudar (o mundo) na transição energética. Há desafios, mas também há enormes oportunidades”, referiu.