Ministros das áreas dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Maláui e Zimbabué defendem a necessidade de se fortalecer a cooperação regional com vista a se tirar melhores vantagens na exploração dos recursos em prol da segurança e transição energética harmoniosa na região.
A ideia foi defendida durante a MMEC 2023, na mesa redonda ministerial intitulada “Os Desafios do Sector Energético e o Caminho dos Países Regionais para as Próximas Três Décadas”, que contou com a participação do Ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Carlos Zacarias; do Ministro da Energia do Maláui, Ibrahim Matola; da Ministra dos Recursos Minerais do Maláui, Monica Chang´anamuno; e da vice-Ministra da Energia do Zimbabué, Magna Mudyiwa.
Na sua intervenção, Ibrahim Matola apelou os governos da região para que, na formulação das suas políticas, tenham em atenção às mudanças climáticas e à transição energética, bem como ao papel dos projectos individuais de cada país no desenvolvimento integrado regional. Segundo referiu, tal permitirá uma melhor partilha dos recursos existentes em cada um dos países da região. “Como região, temos que trabalhar juntos e não deixarmos ninguém de fora”, disse Matola, anotando que é preciso criar políticas atractivas ao investimento, que terão impacto na criação de empregos e na implementação de projectos de energia, que é essencial para o desenvolvimento.
Ainda sobre o tema de mudanças climáticas, a Ministra dos Recursos Minerais do Maláui, Monica Chang´anamuno, lamentou que muitos países africanos estejam a sofrer por causa de “um problema” de que não são culpados. Entretanto, ela defendeu a necessidade dos países reflectirem profundamente sobre as mudanças climáticas e os caminhos a seguir. “Não podemos agora dizer que não vamos mais usar o carvão.
Ainda temos que discutir sobre o que vamos fazer com esses recursos ou sobre como podemos melhor controlar a questão das mudanças climáticas”, disse, anotando que “ainda temos muitas pessoas sem acesso à energia, pelo que ainda precisamos de gerar mais energia, explorando os nossos recursos, incluindo a energia solar”. Por seu turno, a vice-Ministra da Energia do Zimbabué, Magna Mudyiwa, disse que o seu país está a passar por um défice de energia, exacerbado pelas mudanças climáticas. Segundo explicou, a principal fonte de energia do país é hídrica, com base no rio Zambeze.
A referida fonte tem um potencial de geração de cerca de 1.050 megawatts, mas por causa das mudanças climáticas, os níveis de água baixaram, tendo consequentemente reduzido a capacidade de geração para abaixo da metade. O Zimbabué tem pequenas fontes de geração e também depende de importações, nomeadamente de Moçambique, através da Eletricidade de Moçambique e da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB). “Vamos trabalhar juntos, como região.
Temos alguns países que são ricos em recursos, como Moçambique e a República Democrática do Congo. Vamos trabalhar juntos para nos interligarmos com a rede de energia. Trabalhando juntos, podemos melhor abordar esses desafios. Precisamos de um Plano Director em que todos podemos trabalhar e partilhar os recursos”, disse.
Ainda sobre o tema de cooperação regional, a Ministra dos Recursos Minerais do Maláui referiu que, no passado, os países tentaram avançar de forma individual, mas não conseguiram. “Temos que chegar a um consenso de trabalharmos de forma conjunta. Trabalharmos numa solução de ganhos mútuos. Precisamos de um compromisso em que vamos dizer abandonamos isto e precisamos de alcançar isto. De outra forma, não chegaremos longe”, disse.