APROVADO PLANO DIRECTOR DE GÁS NATURAL DA SADC

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou, em Agosto último, o Plano Director de Gás Natural, um marco significativo no estabelecimento de critérios para o uso e comércio deste recurso a nível da região. Esta informação foi revelada pelo Director de Marketing Doméstico e Regional da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Titos Nhabomba, que falava num seminário durante a 58ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), em Marracuene, onde ressaltou a visão de internacionalização da ENH, com um enfoque especial nos países da região e, sobretudo, os do hinterland.

Explanando sobre a “Contribuição do Gás Natural para o Sector de Infra-estruturas, Educação e Saúde”, Nhabomba revelou que, ainda no mês de Agosto, foi aprovado o Plano Diretor de Gás Natural da SADC, que estabelece critérios para o uso e o comércio de gás natural na região; o que permitirá a criação de infra-estruturas regionais coordenadas, aumentando a segurança e a disponibilidade desse recurso.

“Essas infra-estruturas irão promover a substituição de fontes mais poluentes, como o carvão e o diesel, impulsionando a transição energética, o que poderá ajudar os países envolvidos a economizar cerca de 20% das despesas energéticas”, revelou.

Nhabomba também compartilhou o interesse da ENH para o desenvolvimento de infra-estruturas de gás, incluindo o prospeto de um gasoduto ligando o norte ao sul do país, para facilitar a distribuição de gás natural, tanto a nível nacional quanto para os países do hinterland, como Zâmbia, Zimbábue e Malawi. “Sentimos que há necessidade de desenvolver infra-estruturas de maior capacidade para atender às futuras demandas de energia”, disse.

Sobre Edução e Saúde

No que se refere à contribuição de gás natural para o sector da Educação e Saúde, Titos Nhabomba começou por dizer que “todo o esforço que se não reflicte no bem-estar das pessoas não está a surtir o efeito desejado. Por isso, a ENH compreendeu a necessidade de investir na Educação e Saúde”.

Nhabomba explicou que a ENH está a investir na construção e apetrechamento de escolas, unidades sanitárias e hospitais, como parte de sua responsabilidade social, reconhecendo a importância de proporcionar educação e cuidados de saúde de qualidade para os moçambicanos. Sabe-se que neste quesito, a ENH e empresas afiliadas têm já aprovada uma política de Responsabilidade Social Corporativa que instrui, como primeira acção, o levantamento de áreas de maior vulnerabilidade, auscultação pública com vista a elaboração de projectos de investimento social, e que está já em fase de implementação.

A mesma propõe aglutinar os investimentos das empresas em acções conjuntas, e espera-se que, para os anos que se seguem, um maior impacto nos projectos de investimento social da ENH e suas empresas afiliadas.

Perguntas e respostas

Depois da exposição, houve uma sessão de debate, sendo da questão mais recorrente ligada à rede de distribuição de gás natural canalizado, com o público a querer saber para quando a massificação e porquê ainda está longe de cobrir a procura.

Titos Nhabomba apoutou a questões económicas, sobretudo, ligadas aos custos de instalação, que, segundo explicou, uma única instalação doméstica custa cerca de 150 mil meticais, entretanto, as receitas são bastante inferiores ao investimento, uma vez que os consumidores pagam uma taxa fixa quinhentos mês e o valor do consumo que na maioria dos casos não passa dos quinhentos meticais. Por essa razão, a ENH encara este projecto como sendo de responsabilidade social, daí que a Empresa está a envidar esforços, junto do Governo, no sentido de encontrar parceiros para a massificação das novas instalações.

No entanto, para suprimir os défices do mercado, Nhabomba revelou que está em curso a construção de uma fábrica de GPL, vulgarmente conhecido como gás de cozinha, no âmbito da implementação do Contrato de Partilha de Produção (PSA), em parceira com a Sasol e outros parceiros, que se prevê a produção de 30.000 toneladas, a partir de finais de 2024, o que poderá suprir em mais de 70% do consumo nacional.